ABAIXO A
REPRESSÃO CONTRA OS TRABALHADORES MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO DE GOIÂNIA
A criminalização dos movimentos sociais faz parte da
história do Brasil. Recentemente o município de Goiânia escreveu mais uma
página dessa triste história: os professores, funcionários administrativos e
agentes educacionais que iniciaram uma greve em 2010, foram espancados e presos
pela guarda municipal, sofrendo processos pela mesma, mesmo tendo sido
absolvidos dessas acusações.
No entanto, em 2011 as retaliações em relação à greve
atingiram a esfera federal, pois o Procurador Geral da República, Ailton
Benedito de Souza, decidiu processar os professores, funcionários
administrativos e agentes educacionais, por desacato a autoridade. A sua
decisão foi motivada por uma ação, onde um grupo de grevistas foi recebido no
Ministério Publico Federal, visando repassar e cobrar algumas denúncias a
respeito de superfaturamento e desvio de verbas federais da prefeitura de
Goiânia em sua administração atual (PMDB/PT). Porém, as respostas evasivas do Procurador Geral, fizeram com
que esse grupo se retirasse do local.
Esse fato desencadeou a reação de indignação do referido Procurador, que
abriu um processo federal, no qual coube a policia federal investigar o fato.
A situação atual é a seguinte: os professores da rede
municipal continuam sem receber o piso nacional, fixado pelo próprio governo
federal, os administrativos permanecem recebendo menos de um salário mínimo,
sem nenhum direito a substituição quando doentes ou de licenças médicas, os
agentes educacionais continuam recebendo como administrativos, mesmo tendo
feito o concurso para professor com magistério.
Dia após dia vemos as escolas
da rede municipal ainda mais sucateadas, a merenda escolar perdendo a qualidade
necessária e não vemos, no entanto, a atuação do Ministério Público Federal
frente a esses problemas. Quais seriam então os motivos pelos quais o
Ministério Público não atua na defesa de uma educação pública de qualidade para
classe trabalhadora? Por que esses problemas que afetam os filhos da classe
trabalhadora não têm a devida preocupação por parte desse órgão? Por que será
que para processar grevistas, existe tamanha disposição?
A verdade é que no
Brasil os denunciantes acabam virando réus e os que deveriam ser intimados e
processados continuam a gozar dos respaldos e privilégios sociais.