sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Ainda sobre o outubro dos Professores...

O PROFESSOR como camarada de projeto de formação do homem
 
Por José Claudinei Lombardi
(Secretário da Educação de Limeira)
 
Estava pensando em como escrever uma mensagem aos professores da rede municipal de Limeira – e que é certamente extensiva a todos os colegas professores, da educação infantil à universidade.

Primeiro, pensei em colocar em relevo nossa profissão, reportando-me à data comemorativa. Isso é necessário, mas não suficiente.

Pensei então em reportar-me a todos como colegas de trabalho e de profissão, buscando estabelecer a fundamentação profissional de nossa atividade. Penso que, de nossa pertinência profissional, decorre nossa atuação e que exige, como todo e qualquer profissional, em qualquer campo, conhecimento do campo que atua e método de trabalho. O professor é, nesse sentido, um trabalhador da educação e que, por isso, deve dominar os conhecimentos que deve transmitir, deve saber usar de seus instrumentos de trabalho, bem como o “traquejo de como ensinar”, ou a “arte de ensinar” ou simplesmente o método pedagógico.

MAS, acho que isso é pouco! Por isso resolvi adentrar no tratamento do professor como meus camaradas de projeto histórico. E faço isso num momento histórico em que nossa honrada profissão já não tem o charme e o reconhecimento que se tinha anteriormente; em que muitos professores são tratados como meros cuidadores de crianças e, enfim, um tempo em que nos defrontamos a cada dia com um processo lento e gradual de precarização de nosso trabalho (acompanhando a própria precarização do mundo do trabalho na atualidade).

Como sujeito coletivo, como trabalhador organizado, temos sido vítimas de um processo de criminalização que é antitético ao que defendemos em nossa própria atividade. Nem precisaria dizer que estou me referindo à miséria em que é colocado o movimento docente quando reivindica melhores condições de vida e trabalho, pois este tem sido tratado como caso de polícia e submetido à tropa de choque.

É por isso que prefiro considerá-los como meus camaradas! E quero precisar que uso a palavra em seu sentido etimológico, tal como nos chegou do francês camarade e que nos veio do espanhol camarada, usado pelos soldados espanhóis para se referir aos que comiam e partilhavam da mesma câmara (quarto).  Camaradas partilham do mesmo pão (são companheiros); buscam uma relação fraternal (são irmanados), mesmo quando as condições são adversas e se tem que conviver com as profundas diferenças pessoais; enfim, partidarizam-se de um mesmo projeto – a um só tempo político e pedagógico – que é a formação do homem.

Quanto mais nos colocam como simples transmissores de saber, mais sabemos que somos herdeiros da melhor tradição humanista e que historicamente nos coloca como formadores dos novos sujeitos da sociedade. Como formadores, muitos de nossos colegas optam por um projeto conservador de construção de homens, a imagem e semelhança da sociedade que passou ou da que vivemos; outros, acham que precisamos formar homens para uma sociedade que precisa de melhorias e reformas. Respeito os diferentes projetos, mas pessoalmente não quero que meus filhos e netos herdem esse mundo e essa sociedade! Nosso planeta está sendo destruído pela ganância desenfreada de lucro e não sabemos se haverá tempo para frear a destruição ambiental de nosso mundo; nossa sociedade é injusta e desigual, cabendo a uns poucos toda a riqueza e à grande maioria a mais abjeta miséria.

Como educador não quero perder a utopia de que é possível outro mundo e outra sociedade. Por isso, como professor, me empenho em formar um novo homem, um ser social que seja sujeito de sua própria história e que tenha por objetivo a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.

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